A inusitada apresentação da categoria pela primeira-dama gerou grande repercussão mundial, principalmente no Irã. O governo iraniano, que tem um histórico de desentendimento com os EUA, reprovou tanto a temática do filme vencedor, quanto a apresentadora surpresa do tema.
Grande parte da imprensa e de cineastas locais caracterizou o filme como propagandista o acusou de distorcer a verdadeira história acerca do fato encenado no filme. Além disso, as agências iranianas criticaram a Academia de Hollywood como uma agenda política e grande sacrificadora de cinemas artísticos.
Contextualizando esse novo fato, com as inúmeras sanções e bloqueios que os EUA pedem para ONU aplicar sobre o Irã, além da intensa repressão ao programa nuclear do pais do Oriente Médio, percebe-se mais uma vez a intensão da potencia americana em desestabilizar o governo de Mahmoud Ahmadinejad que vem representando grande perigo à hegemonia norte-americano sobre o controle da exploração de petróleo no Oriente Médio e sobre o domínio na produção de armamentos e tecnologia bélica.
O que torna os EUA uma enorme potência, que tem zonas de influência em todos os quatro cantos do planeta, é a sua concreta economia, as bases militares espalhadas pelo mundo e a imposição de suas leis e vontades. Porém, os países "mais atrasados" começaram a responder à altura, como é o caso do próprio Irã, da Coreia do Norte, Israel, Venezuela, Cuba entre outros. O crescimento dos países em desenvolvimento enquanto a crise ainda abala os EUA é outro fator agravante que pode comprometer a soberania deste último.
Neste aspecto, percebe-se o enorme papel da mídia e no caso do cinema nestas resoluções e afirmamentos políticos. A polêmica da cerimônia já causou grande estardalhaço, mas o que pouca gente prestou atenção, foi o papel da mídia dentro do próprio filme Argo. No trama, o meio encontrado para resgatar os embaixadores reféns dos militantes no Irã foi fingir-se de integrantes da filmagem de um filme, ou seja, a produção do filme (a industria de entretenimento) seria a solução para as tensões diplomáticas e questões geopolíticas entre Irã e EUA. "Nas entrelinhas, Argo mostra que a verdadeira e mais poderosa arma dos EUA sempre foi o entretenimento e a ilusão. Desde que o Departamento de Estado se aliou à Hollywood durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA irradiaram para o mundo o vírus das narrativas ficcionais que contaminaram as nossas percepções sobre a vida" diz Wilson Roberto Vieira Ferreira, blogueiro especialista em cinema. Além disso, grande parte da população iraniana afirmou que o modo como os cidadão iranianos foram representados no filme os fez parecer patetas, selvagens, ignorantes e idiotas, que também gerou discussões se isto significaria a reafirmação da posição de inimigo frente ao Irã e se o mesmo é tratado como fácil e irrelevante.
Este tipo de temática vem se tornando frequente na industria norte-americana, além de Argo, outro filme indicado ao Oscar, "A Hora Mais Escura" trata de outro conflito geopolítico, dessa vez entre EUA e grupos terroristas árabes.
Mas isso é assunto pra outra postagem... rs
Publicado por Gustavo Gerin.
Parabéns Gustavo...muito interessante a abordagem escolhida, mas você não postou o seu ponto de vista.
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